Trio de canibais é julgado por dois assassinatos cometidos no Agreste de PE

Por G1 PE

Após ser adiado devido a ausência de um dos defensores, o julgamento do trio conhecido como “Canibais de Garanhuns”, acusados de assassinar, esquartejar, consumir e vender carne humana dentro de salgados no Agreste de Pernambuco, acontece nesta sexta-feira (14), no Recife. Os três já foram condenados pelo mesmo crime contra uma jovem em Olinda(Veja vídeo acima)

Jorge Beltrão Negromonte da Silveira, Isabel Cristina Pires da Silveira e Bruna Cristina Oliveira da Silva vão a juri pelas mortes de Alexandra da Silva Falcão, 20 anos, e Gisele Helena da Silva, 31 anos, ocorridas em Garanhuns, no Agreste de Pernambuco. Por volta das 10h, foi formado o juri, composto por 5 homens e 2 mulheres.

Os três são acusados de duplo homicídio triplamente qualificado – por motivo torpe, com emprego de cruel e impossível a defesa da vítima -, além dos crimes de ocultação e vilipêndio de cadáver e de furto qualificado. Jorge Beltrão e Bruna Cristina respondem ainda por estelionato, sendo que Bruna ainda é acusada de falsa identidade.

O caso seria julgado em Garanhuns, mas o advogado de um dos réus entrou com uma solicitação para que o júri acontecesse em outra comarca. Os três respondem a dois processos: um pela morte de Jéssica Camila da Silva Pereira, em maio de 2008, pelo qual foram condenados em 2014; e outro pelos dois homicídios em Garanhuns.

Primeiro a ser ouvido, Jorge Beltrão afirmou que Bruna Cristina o torturou e que ele era vítima da situação. “Tanto eu quanto Isabel fomos torturados para assumir isso aí”, afirmou.

Defesa

Advogado de Jorge, Giovanni Martinovick defende que seu cliente não tem condições de viver em sociedade e que devia ficar internado no Hospital de Custódia e Tratamento Psiquiátrico. Ele questiona o laudo que aponta ser seu cliente capaz de responder por seus atos.

“Jorge é um homem doente, não é apto a viver mais em sociedade. Então, a nossa tese e o nosso pedido ao corpo de jurado será a medida de segurança para que ele fique internado no HCTP fazendo tratamento psiquiátrico”, adianta o defensor.

Martinovick alega que Jorge era acompanhado em Garanhuns por psiquiatras, que confirmaram a esquizofrenia paranoide. O laudo contestado afirma que Jorge simula a doença.

O defensor de Bruna, Rômulo Lyra, defende que Jorge é o mentor dos crimes e a tese de coação moral irresistível, ou seja, que sua cliente não teve condições de resistir ao autor. “O Jorge psicologicamente coagiu a Bruna a participar desse crime”, aponta.

Denúncia

Segundo a Denúncia do Ministério Público de Pernambuco (MPPE), as duas vítimas foram chamadas à casa de Jorge Beltrão Negromonte Silveira, um dos réus, para ouvir a palavra de Deus ou para um trabalho de babá.

Com a participação de Isabel Cristina Pires da Silveira e Bruna Cristina Oliveira da Silva, as mulheres foram mortas em 2012 e partes dos corpos foram armazenadas para consumo dos três acusados.

Segundo o promotor André Rabelo, cada um deles tinha um papel pré determinado na execução dos crimes. “Eles faziam parte de uma seita. Cada um tinha um papel. Um cotava, o outro levava para fazer toda a enganação e o outro executava. E todos participavam do esquartejamento e do consumo de carne humana, além de comercializar”, diz.

Antes do início do julgamento, o promotor André Rabelo afirmou que a promotoria está tranquila e não discute mais a autoria do crime que, segundo ele, está clara nas provas. “A promotoria tem a certeza absoluta de que a justiça vai ser feita com a condenação”, disse.

Segundo Rabelo, o adiamento do julgamento teve pontos positivos pois permitiu que a promotoria juntasse uma nova prova ao caso, uma entrevista dada pelos réus para um programa de televisão depois do primeiro júri em que foram condenados, em Olinda.

“[Na entrevista] Pode se ver claramente que todos são lúcidos, que todos têm o absoluto controle das suas ações. O que põe por terra a alegada tese das defesas: problema de insanidade mental e problema de coerção. Nada disso existe. Essa matéria que foi feita é simplesmente para que os jurados e a sociedade vejam que todos eles são perfeitamente cientes do que estavam fazendo”, afirma o promotor.

Anexo às provas, também existem laudos expedidos por peritos oficiais do Estado que afirmam que todos os réus possuem plena sanidade mental.

Condenação em 2014

No primeiro dos dois dias de julgamento, em 2014, o trio foi hostilizado ao chegar ao Fórum de Olinda e trocou acusações entre si durante os depoimentos. Eles contaram detalhes macabros da ação e uma das rés, Bruna Cristina, disse que “Jogos Mortais perdia” ao descrever o assassinato de uma das vítimas. A ré afirmou que chegou a comer a carne da mulher por causa do ritual.

Por crimes da mesma natureza cometidos em 2008, Jorge Beltrão Negromonte da Silveira pegou 21 anos e seis meses de reclusão e um ano e seis meses de detenção, totalizando 23 anos. Já as rés Isabel Cristina Torreão Pires e Bruna Cristina Oliveira da Silva pegaram 19 anos de reclusão e um ano de detenção, totalizando 20 anos cada.

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