Homem é atropelado e morto por ônibus de empresa em que trabalhou por 12 anos em SP

Por Vivian Reis, G1 SP

Foto: Andreia Vitorino da Silva/Arquivo Pessoa

Um homem foi atropelado e morto por um ônibus da empresa em que trabalhou como motorista por 12 anos em São Bernardo do Campo, no ABC paulista. A polícia disse nesta quarta-feira (19) que investiga a dinâmica do acidente para identificar os culpados, segundo a Secretaria da Segurança Pública (SSP).

André Luis da Silva, de 34 anos, trabalhava na SBCTrans, empresa responsável pelas linhas de transporte coletivo municipal de São Bernardo. Há dois anos, ele saiu do emprego e começou a prestar serviços em uma empresa de ônibus fretado.

No fretado, ele fazia o turno das 3h30 às 19h30. No intervalo, por volta das 7h, André costumava sair de moto e passar em casa para tomar café com a mulher e a filha de 3 anos.

No dia 7 de novembro, no entanto, seu trajeto por interrompido quando ele colidiu com um ônibus da SBCTrans na Estrada do Capivari.

“A colisão arremessou meu irmão a 10 metros de distância, em uma poça d’água. Ele sofreu politraumatismo, craniano e torácico. Morreu no local, por volta das 6h30”, disse Andreia Vitorino da Silva, de 33 anos.

De acordo com ela, a empresa em que o irmão estava trabalhando prestou suporte, mas a família tem enfrentado dificuldades e cobra ajuda da SBCTrans.

Motorista de ônibus deixou esposa e filha de três anos, em São Bernardo — Foto: Andreia Vitorino da Silva/Arquivo PessoalMotorista de ônibus deixou esposa e filha de três anos, em São Bernardo — Foto: Andreia Vitorino da Silva/Arquivo Pessoal

Motorista de ônibus deixou esposa e filha de três anos, em São Bernardo — Foto: Andreia Vitorino da Silva/Arquivo Pessoal

“Estamos há mais de um mês passando por dificuldades. Perdi dois empregos por conta da correria, meu outro irmão teve começo de infarto, meu pai está em depressão, minha sobrinha, filha do André, tem vai passar por uma cirurgia delicada e, até agora, a SBCTrans sequer se ofereceu para pagar o conserto da moto”, afirmou Andreia.

“Não vai trazer meu irmão de volta, mas acho que não custava muito para uma empresa tão grande ajudar. Sabem que se trata de um ex-funcionário, mas não prestaram qualquer assistência e disseram que não poderiam fazer nada sem uma decisão judicial. Neste ano não teremos festa de Natal, nem de ano novo”, completou.

Em nota, a SBCTrans lamentou o acidente, disse estar em contato com as autoridades e interessada no esclarecimento das causas (leia a íntegra do comunicado mais abaixo).

O advogado criminalista Rafael Cherubini explica que a empresa só é obrigada a prestar auxílio quando for julgada, e acrescenta que um caso envolvendo um ônibus que presta serviço público também pode demandar responsabilidade da Prefeitura de São Bernardo do Campo.

“A empresa poderia de bom grado oferecer alguma ajuda, mas ela só é obrigada a prestar algum auxílio se houver condenação”, explica o advogado. “Além disso, se envolve um veículo que presta serviço à população, a família pode pedir uma liminar em uma ação indenizatória, cível, que independe de quem foi culpado, independe de uma ação criminal. Nesse caso, o poder público também pode ser responsabilizado”, completa.

Em nota, a Prefeitura de São Bernardo do Campo disse que tomou ciência do acidente e aguarda os laudos das autoridades especiais para se manifestar.

Investigação criminal

Instituto de Criminalística realizou perícia no local, analisando, entre outros aspectos do acidente, as marcas de frenagem dos veículos — Foto: Andreia Vitorino da Silva/Arquivo PessoalInstituto de Criminalística realizou perícia no local, analisando, entre outros aspectos do acidente, as marcas de frenagem dos veículos — Foto: Andreia Vitorino da Silva/Arquivo Pessoal

Instituto de Criminalística realizou perícia no local, analisando, entre outros aspectos do acidente, as marcas de frenagem dos veículos — Foto: Andreia Vitorino da Silva/Arquivo Pessoal

No dia do acidente, um boletim de ocorrência foi registrado no 4º Distrito Policial de São Bernardo como homicídio culposo (sem intenção) na direção de veículo automotor.

Em nota, a SSP disse que a Polícia Civil aguarda a conclusão dos laudos periciais. O delegado Rui Diogo da Silva, que conduz a investigação, disse que o motorista do ônibus foi ouvido informalmente, e que duas testemunhas prestaram depoimento.

“O motorista disse que conduzia o coletivo, quando, em uma curva, André, que pilotaria a moto em sentido contrário, invadiu a pista em que ele estava e houve a colisão lateral quando ambos tentaram desviar. Por outro lado, as duas testemunhas disseram que o ônibus estava em alta velocidade”, disse o delegado.

“O caso não foi concluído e, por ora, não está definida a culpa. Preciso ouvir uma terceira testemunha, o motorista em depoimento e receber os laudos periciais, para então chegar a alguma conclusão e indiciar ou não o motorista”, completa Silva.

 

 

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